4. Festa Junina – Tradição Brasileira – Sincretismo ?‍??‍?


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O consumo de comidas, bebidas e o uso de danças, presentes hoje nas festas juninas, deve sua origem – dentre outros fatores – ao sincretismo feito entre o culto cristão e o culto a Dionísio (deus grego da alegria e do vinho, e também das colheitas, chamado Baco entre os romanos). Nos cultos populares que os gregos e os romanos ofereciam a Dionísio, verificavam-se farta alimentação e bebidas, música, danças, geralmente feito à noite. 

Quando o cristianismo se tornou religião oficial do Império Romano no século IV, multidões aderiram à fé cristã, intensificando um processo de sincretismo. Desta forma, por exemplo, antigos deuses foram substituídos por santos.

O uso de fogueiras em homenagem a estes santos aparece com notabilidade no período medieval, quando na Europa se desenvolve o feudalismo – sistema esse em que a sociedade concentra-se basicamente na zona rural, vivendo da agricultura. Assim, nos meses de junho e julho, com a proximidade das colheitas, acendiam-se fogueiras para afastar os maus espíritos e repelir as pestes dos cereais. Neste período, os camponeses realizavam danças ao redor do fogo, e saltos sobre as chamas, para afugentar os espíritos da fome, do frio e da miséria. O ritual de pisar sobre as brasas com os pés descalços é nesse momento reinventado, pois já era praticado no século I da era cristã pelos fiéis da deusa Diana, em Éfeso.

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O DESENVOLVIMENTO DA FESTA JUNINA NA CULTURA BRASILEIRA

No Brasil, as festividades juninas também se desenvolveram bastante entre as populações rurais, estabelecendo um sincretismo entre a tradição cristã, crenças e costumes indígenas, e cultos de matriz africana. As festas de São João e São Pedro foram trazidas pelos portugueses durante o período da colonização.

Culturalmente, os indígenas se identificavam bastante com rituais e cerimônias que utilizassem fogo e danças. O ritual com danças, ao redor de fogueiras, também representava forte apelo aos escravos de origem africana, presentes em terras brasileiras, fato que contribuiu para aproximações sincréticas com os festejos juninos.

Os significados culturais que o fogo representa para os africanos:

O fogo sempre aceso fazia parte do culto aos ancestrais e representava a continuidade da linhagem entre gerações, implicando também na proteção propiciada pelo ancestral; havia igualmente um significado religioso: a ligação com o mundo dos espíritos. As celebrações juninas propiciavam, desse modo, espaços de interações culturais.

Nas festas juninas, além da travessia sobre as brasas, estas datas são acercadas de magias e superstições.(…) Santo Antônio, por exemplo, é um dos santos que mais encontramos associados às práticas de simpatias no Brasil. É a imagem desse santo que frequentemente se pendura de cabeça para baixo dentro da cacimba ou do poço para que atenda as promessas o mais breve possível.

No interior do país, especialmente no Norte e Nordeste, a fogueira de São João é de iniciativa familiar e posta diante de cada residência. Até por volta de 1912, casamentos eram realizados de verdade ao redor da fogueira, em presença dos pais, dos noivos, padrinhos, pessoas da família e convidados. Daí, até hoje, o costume de se realizar o “casamento caipira” como parte das festividades.

Desenvolveu-se também a crença de que São João permanece dormindo durante o dia do seu aniversário, por isso acendem fogueira durante a noite, soltam fogos ou disparam armas de fogo para que o santo seja despertado e, vendo o clarão feito em sua honra, desça do céu a fim de festejar juntamente com os seus devotos.
São Pedro é festejado semelhantemente a São João, embora em menor escala. Criou-se a tradição, no interior do Brasil, de que todo homem que tinha a palavra “Pedro” ligada a seu nome, possuía a obrigação de acender uma grande fogueira diante de sua porta e soltar fogos ou disparar armas de fogo. 

Associação junina, an interactive worksheet by celpedroni
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O CARÁTER FOLCLÓRICO DA FESTA JUNINA ATUAL
Especialmente a partir da década de 1970, em que o Brasil experimentou um grande processo de êxodo rural e consequente urbanização, os costumes mais tipicamente vinculados ao campo foram transportados para a cidade. Desta forma, as festas juninas foram perdendo o seu sentido mais propriamente religioso e místico, assumindo um caráter folclórico e cultural. Daí, não somente escolas, mas, também igrejas de tradição evangélica realizarem festividades nesta época do ano, sem que associem tais práticas a conotações místicas ou religiosas. Desse modo, esses cristãos preferem realizar os seus próprios “eventos juninos”, atribuindo aos mesmos um sentido de entretenimento e lembranças de um passado rural, com o qual geralmente possuem fortes laços de memória, de afeição e saudosismo.

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